Por Douglas dos Santos Reis Rocha.
Nossa Igreja vive o belíssimo tempo Pascal, um momento em que a igreja se alegra com a esperança e a vida que emanam da ressureição de Cristo, vivenciado pelos discípulos e apóstolos, hoje por nós batizados e cristãos.
Um tempo forte e marcado pela alegria do ressuscitado que agora não está mais morto, mas vive entre nós e nos garante a vida eterna através de nossas ações e fé. “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente” (Jo 11,25-26).
É d'Ele, do Cristo vivo, que vem a luz que dissipa as trevas, a alegria que mantém a Igreja viva, a esperança que nos impulsiona a olhar para frente, o amor que nos faz irmãos e a fé em acreditar na coroa imperecível. “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pd 1,3).
A espiritualidade que vivemos nesse tempo nos impele a sermos novos, não simplesmente em palavras, mas, principalmente, em gestos e ações, pois são neles que nossa fé se concretiza e a palavra de Jesus se dissipa. Esse é o mandado do Ressuscitado em sua última aparição: ”Ide, pois, fazei discípulos entre todas as nações [...]” (Mt 28,19).
Para todos os que estão à frente das secretarias paroquiais, nós sabemos que a missão é sempre ser o rosto de Cristo a todos que chegam para um atendimento, seja quem for, seja para o que for. Dentro da espiritualidade pascal, a qual é alicerçada na paixão, morte e ressurreição de Jesus, podemos observar atentos alguns gestos que nos inspiram a sermos sinais vivos da Páscoa em nossa missão/trabalho nas secretarias paroquiais.
A espiritualidade é baseada nas ações concretas e nos gestos efetivos que teremos, lembrando sempre que a vida é o foco em todos esses atos de palavras, atenção, escuta e sensibilidade. Como nos apresenta o documento de Aparecida, nos tornamos profetas da vida: “a partir de nossa condição de discípulos e missionários, queremos estimular o Evangelho da vida e da solidariedade em nossos planos pastorais [...] (DA n.414)
Olhando, então, para os acontecimentos pascais e os personagens envolvidos nas ações, podemos espelhar nossos passos, para que o ambiente de trabalho seja uma extensão da Jerusalém pascal e do evento salvífico de Cristo.
Uma das primeiras figuras que podemos observar é a de Maria Madalena: “Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: ‘Eu vi o Senhor’, e contou o que ele tinha dito.” (Jo 20,18). É dessa mulher que observamos e queremos repetir a vontade sem fim de levar a boa nova aos que ainda não viram o Cristo ressuscitado. São muitos os que chegam sem informação, buscando na secretaria paroquial um norte. Cabe ao secretário contar, com todo amor e entusiasmo a eles, as maravilhas que Jesus disse e fez.
Um próximo episódio a ser observado são os discípulos de Emaús: "Não estava ardendo nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?" (Lc 24, 32). O evento do encontro com os dois discípulos nos aponta uma via a seguir: a relação dos secretários com agentes de pastoral. Esses agentes são os que trabalham e atuam na Igreja e por vezes não compreendem a Páscoa. Precisam sair das Igrejas, sacristias e secretarias com o coração ardente de que participam de uma Igreja de vida e de amor. É um caminho de trabalho, amizade e confiança na ação de Deus.
Entre outros diversos pontos, podemos destacar mais um que nos norteia nessa jornada, em que Jesus aparece aos seus discípulos na beira do lago e, num diálogo com Pedro, confia a ele sua igreja: “Jesus disse-lhe: ‘Cuida das minhas ovelhas’.” (Jo 21,17). A secretaria paroquial é sem dúvida a frente da paróquia e o ponto de acesso ao pároco, o pastor dessa parcela do rebanho de Cristo confiado e ele em sua ordenação. Cabe aos secretários paroquias a compreensão que esse pedido de Jesus se estende também a eles, porque compartilham do zelo e cuidado para com o mesmo povo, o qual, por muitas vezes, é mais conhecido pelo secretário do que pelo próprio padre, devido a muitos fatores. Não podemos ser ponto de discórdia, mas sim de união. Congregar e não dissipar.
Assim, podemos viver esse tempo pascal na certeza que somos discípulos missionários de Cristo, o caminho vivido por Ele em sua paixão é também o caminho que enfrentaremos, contudo, é unido a Ele e ao povo de Deus que conseguiremos ser sinal de vida nesse mundo. Tenhamos a sensibilidade de sentir o que o outro sente, fazendo como nos diz a famosa música do padre Zezinho: "Amar como Jesus amou, sentir o que Jesus sentiu, viver como Jesus viveu."
Tenhamos em mente o que a Constituição dogmática Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II, nos apresentou: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos seres humanos de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo. Não se encontra nada verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração” (GS, 1)
Deixai ressoar em vossos corações o amor da ressurreição de Jesus Cristo e, assim, seremos sinais vivos da Esperança Pascal.
Douglas Reis é formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade de Taubaté, em Filosofia pela Universidade Salesiana de Lorena e pós graduado em Marketing e negócios pela UNIFATEA. Atualmente exerce função de secretário paroquial pela Arquidiocese de Aparecida.