Por Robson Machado.
O efervescente cenário econômico mundial e brasileiro dos últimos anos, somados a uma sociedade que assiste atônita o embate de seus valores cristãos postos à prova por uma cultura ainda mais consumista e “artificial”, isso projeta ao líder paroquial posição de elevada singularidade.
Caberá ao sacerdote compreender que a economia permeia com seus pressupostos a vida de cada um dos teus fiéis. Em algumas cidades menores, a paróquia assume posição central não só pela geografia e urbanismo oriundos dos séculos passados, mas também pelo que ela representa vez ou outra fazendo protagonismo do governo.
OFERTA E DEMANDA, CONCEITOS INICIAIS E VITAIS NA ANÁLISE ECONÔMICA.
Conjecturo, inicialmente, sobre dois conceitos vitais do ramo econômicos de oferta e demanda para simples analogia. O primeiro pode ser traduzido no simples ato de “oferecimento” de bens e serviços tanto pela iniciativa privada quanto por órgãos públicos, estes podem variar em quantidade por diversos motivos, tais como: seu preço, preço dos concorrentes e seus custos de produção. Aos olhos do líder paroquial, este mecanismo pode passar por despercebido, mas em uma conversa coloquial com seus colaboradores diretos, este pressuposto teórico econômico poderia ficar evidenciado no corriqueiro cotidiano, por exemplo, um fiel reclama-lhe que em sua família a aquisição de uma geladeira nova não foi possível e que terão que continuar com o debilitado aparelho antigo, pois o preço da marca mais barata e já “sondada” se readequou em preço aos modelos de marca mais cara, fato que poderia ser explicado com o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O pároco ciente deste fenômeno pressupõe que em sua igreja a futura troca dos freezers e geladeiras que servem com muita propriedade a comunidade em eventos de cunhos sociais e do calendário religioso, deverá ser “redesenhada ou recalculada”.
Outra variável de suma importância, a quaisquer rotina econômica é a demanda, podendo ser traduzida como “tudo aquilo que um ser individual ou coletivo procura em um determinado período de tempo em bens ou serviços”, esta pode ser alterada por causa de alguns fatores, a saber:
1. Relação do preço do bem e a renda familiar;
2. Relação do bem com seu substituto próximo e seu próprio preço.
Na vida paroquial, isto é perceptível ao sacerdote quando um dos fiéis lamenta que não irá mais auxiliá-lo em seus horários livres, no diz respeito aos preparos das atividades sociais e pastorais, porque por causa do aumento considerável da cesta básica e para equilíbrio de suas contas, haverá a decisiva necessidade da realização de horas extras em seu trabalho ou de até “procurar um segundo emprego para complementação da renda”.
TAXA SELIC E SUA INVISIBILIDADE PERCEPTÍVEL.
Evidente que estas duas ferramentas científicas montam um cenário digamos mais simples ou minimalista do estudo da economia. Há outro fator nesta disciplina que, vez ou outra, é noticiada em alguns veículos de comunicação e que por ter um nome ímpar pode provocar por si só estranhamento e desinteresse: a taxa Selic.
Esta taxa, no caso brasileiro, é controlada pelo Comitê de Política Econômica (Copom), tendo como participantes natos membros da diretoria do Banco do Brasil e do Banco Centro do Brasil. Sua função básica é ser a “mãe” de todos os percentuais de juros aplicados pelas instituições financeiras pequenas ou grandes tanto para atividades industriais quanto para empréstimos simples ou não, daqueles, por exemplo, que a todo o momento são oferecidos em panfletos e propagandas em TV, rádio e internet para o cidadão comum.
Uma vez alterada a taxa anual da Selic (juros) para patamares altos pelo Copom quando necessários, os bancos privados levarão por consequência seus índices para níveis maiores, fazendo movimento contrário em caso de retração nas taxas de juros. Estes percentuais e suas variações para cima ou para baixo seriam facilmente percebidas quando um líder paroquial observa o veículo utilizado para serviços de sua igreja e comunidade e este vem apresentando sinais de desgastes e insistentes visitas ao mecânico, tomado pela necessidade de troca, o padre procura um banco para aquisição de uma unidade nova ou até usada e, ao requisitar detalhamento do valor financiado e dos juros impetrados sobre a operação, nota que dependendo de alguns fatores (tipo e ano do veículo, por exemplo), o valor pode alcançar até quase três vezes o que se deseja emprestar caso ele concretize tal operação. Eis a notória presença da taxa Selic e seus consequentes desdobramentos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Como podemos observar algumas questões corriqueiras relacionadas ao dia a dia dos cidadãos comuns, são simples reflexos de decisões tomadas na esfera econômica pelos governos instituídos ou até pela própria dinâmica do mercado que pode caminhar de forma autônoma ao que os poderes federal, estadual e municipal por outro sentido venham a definir.
A figura do líder paroquial deve pelo consolidado protagonismo de sua atividade analisar esta “ciranda” de fenômenos, antecipando-se e procurando entender o que e quais fatores viriam a transformar de maneira súbita positiva ou negativamente o cenário econômico e a partir daí dependendo das suas possibilidades agir em prol do bem estar de sua comunidade.
Robson Machado é Bacharel em Economia formado pela Universidade de Taubaté- UNITAU, Licenciatura em Ensino Técnico em Contabilidade pela FATEC e Especialista em Ensino para Educação Superior pela UNINTER. Atualmente é Professor titular do curso técnico de Logística pelo Centro Paula Souza, além de ministrar disciplinas de Introdução à Economia e Economia & Mercado, ambas no curso superior de Administração de Empresas da Faculdade Dehoniana em Taubaté/SP.
Contato: prof.robsonmachado@yahoo.com.br