É realmente maravilhoso ver a diversidade onde vamos. Ninguém é igual a ninguém. Essa pluralidade nos torna capazes de crescer, amadurecer, aprender e viver com qualidade incrivelmente maior. Contudo, essa pluralidade também pode afastar pessoas e situações, afinal de contas, nem sempre gostamos ou queremos conviver com o diferente. Digo isso pois a comunidade de vida religiosa em uma paróquia é plural, são muitas pessoas vivendo a fé de formas diferentes. É aqui que devemos ver até onde minha visão de mundo é limitante e a do outro libertadora, ou vice e versa. Ou seja, nunca serei o dono da verdade.
Durante nossa vida aprendemos coisas que nos tornam melhores em algumas atividades e não tão boas em outras e isso se torna problema quando a gestão paroquial acontece por amizade e não por competência. De fato, é difícil ter pessoas capacitadas próximas e que queiram doar o tempo para a evangelização e para a comunidade, mas olhando friamente, na maioria das vezes é melhor contratar pessoas adequadas para algumas atividades na gestão paroquial: financeiro, secretariado, comunicação, assistência social caritativa, marketing, entre outras.
Imagine você precisando organizar a vida financeira da paróquia, e, por tentativa, erro e acerto, gerenciar os números, prestar contas, formar planilhas e tabelas que expressem a atividade e saúde financeira da comunidade. Não é brincadeira essa atividade. É preciso ter pessoas capacitadas para isso. Garanto que os resultados podem ser muito melhores, mais confiáveis e apontarem caminhos para melhorar a gestão das finanças.
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As pessoas tendem a valorizar mais algumas habilidades do que outras, então, imagine um atendimento paroquial onde não exista o sentimento de pertença. Isso acontece muito quando a secretaria da paróquia não expressa o cuidado devido ao fiel que vai se informar sobre sacramentos, como participar das pastorais, horários, documentos, reuniões, entre outros. A secretaria deve ser um lugar de organização e apreço às pessoas, por isso, formação de gestão deve ser prioridade para o(a) secretário(a). O que já vi muito são as pessoas quererem saber das fofocas na secretaria, mas não sobre sacramentos.
A liturgia é sumamente comunicação. É de extrema importância ter uma pessoa que ensine sobre comunicação humana para a equipe litúrgica, a pastoral da acolhida e até mesmo o sacerdote, para que se comunique cada vez melhor. Nenhum artista de cinema ou TV já nasce sabendo, mas todo dia faz cursos, exercícios e se aprimora cada vez mais para se expressar melhor. Sugiro que haja uma pessoa que oriente os responsáveis pela animação litúrgica e de gestão paroquial a comunicar melhor. Tudo será muito mais claro e inteligível.
A Igreja tem em seu centro a caridade, afinal de contas, a caridade é a plenitude da lei (Rm 13,10). Então, é mais que necessário entendermos sobre o sofrimento e as necessidades humanas. Mas isso não somente de forma afetiva, onde sinto dó das pessoas e situações. É preciso saber como agir pelo direito civil, entender qual é o encaminhamento adequado que podemos dar às pessoas que estão com dificuldade. Podemos cuidar da dor imediata: dor, fome, abrigo. Mas precisamos olhar mais longe. Precisamos olhar para educação, emprego, boa comunicação, assim teremos capacidade de adquirir um abrigo, matar a fome e eliminar a dor, além de fazer amigos e, quem sabe, viver o amor unitivo. Um psicólogo ou assistente social pode ajudar muitas igrejas a encontrar esse caminho aos seus fiéis.
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Evangelho é comunicação. Os melhores comunicadores estavam na Igreja nascente, davam a vida por ela. Viajavam, anunciavam, passavam necessidade para propagar a Palavra de Deus, anunciar o Cristo. A mesma coisa deve haver no seio de uma paróquia: o cuidado em anunciar o Evangelho. Hoje mais que nunca está mais fácil, mas com isso veio mais necessidade de conhecer sobre tecnologia. Por isso é preciso investir no marketing. Não encarem essa palavra como se fosse o mal que devemos evitar no mundo. Marketing é também oferecer, apresentar determinada coisa ou mensagem para as pessoas a fim de que saibam que existe. As tecnologias trazem para dentro de casa tudo o que é bom ou não. Então que tal investir no melhor para vida do ser humano neste mundo: a mensagem do Cristo? Com certeza, um site bem feito, as redes sociais bem conduzidas e alimentadas, mensagens úteis e instrutivas poderão dar muito mais vida à comunidade além de aumentar seus limites para muito além da territorialidade paroquial.
Por fim, quero com tudo isso demonstrar a importância de olhar a diversidade e não ter medo de investir em uma gestão produtiva e que traga resultados palpáveis, reais e muito positivos para a comunidade paroquial. Isso tudo exige ação, comprometimento e contínuo acompanhamento. Os fiéis buscam em seu líder espiritual qualidades e uma delas é o progresso.
Que sejamos pessoas comprometidas e inclusivas, sabendo apreciar e valorizar as pessoas, possuindo metas e objetivos claros e definidos. Aqui iniciamos uma gestão por competência.
Um grande abraço a todos!
Este artigo foi escrito por Ezequiel Baú para a Revista Paróquias.
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Gestão por competência