Pastoral do dízimo: Eis um compromisso comunitário.

Encontre na partilha o gesto que motiva a missão de evangelizar.
28 de novembro de 2024 por
Pastoral do dízimo: Eis um compromisso comunitário.
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Por Aristides Luis Madureira.


“A espiritualidade da partilha implica em uma participação na vida da comunidade que transcende os limites financeiros”


A Igreja do Brasil, atenta e preocupada com as inadequadas formas de alocação de recursos tais como: taxas, espórtulas, festas de padroeiros entre outras, opta pelo dízimo como meio de autossustentação (XVI Assembleia Geral em Itaici 1974). Um resgate por uma espiritualidade a ser compreendida e vivida pelos fiéis católicos. Uma tarefa difícil, mas que teve enorme aceitação no Brasil que, diga-se de passagem, atualmente é um país missionário sobre o tema em vários países, eu mesmo tive algumas oportunidades de ir para outras nações para partilhar nossas experiências na Igreja do Brasil.


Mas como deve ser entendido este dízimo?

O dízimo deve ser visto sob outro prisma, sob nova visão. Como uma prática que acolhe os princípios e motivações dos patriarcas bíblicos, as finalidades de manutenção do templo e dos necessitados, vivido pelo judaísmo, e a espontaneidade e o compromisso dos primeiros cristãos. Buscando os acertos e evitando os erros cometidos no passado.


Dízimo ou Partilha?

  A devolução espontânea já é realidade na grande maioria das paróquias no Brasil. Os fiéis são livres para contribuírem com a quantia que puderem ou desejarem. O Novo Catecismo promulgado em 2005 traz a alteração do quinto mandamento da lei da Igreja que confirma essa nova perspectiva sobre essa prática. O que era: pagar o dízimo segundo o costume, passa a ser: atender as necessidades da comunidade segundo as possibilidades de cada um.

Frente a essa realidade que já vivemos, somado às orientações da Igreja é que proponho a reflexão quanto à mudança no modo de tratamento quanto a esta pastoral.  


Pastoral da Partilha 

Além de expressar com mais fidelidade nossa realidade, distingue a prática da nossa Igreja católica das demais denominações, cuja evangelização fundamentalista ora oportuniza-se na exploração dos fiéis e ora em uma barganha com o Deus da prosperidade. A espiritualidade da partilha implica em uma participação na vida da comunidade que transcende os limites financeiros. Os fiéis participam por estarem envolvidos com a missão da Igreja, por se sentirem parte de cada ação evangelizadora da paróquia. A gestão dos recursos igualmente muda, pois os gestores compreendem que os fiéis são motivados pela transparência e pela organização eficiente e eficaz de uma administração da qual fazem parte e se orgulham.

Ao pesquisar a etimologia da palavra partilha aprendi que ela deriva da palavra latina partícula. Profundo não é? A eucaristia está intimamente ligada a essa nova visão sobre o dízimo, que tem no altar sua fonte de solidariedade e missão. 


Mas com quanto cada fiel pode participar?

Os fiéis são livres para decidir. É dever e direito nosso (agentes de pastoral) dar a entender aos fiéis que partilhar não é dar o que nos sobra e sim o que o outro precisa, como diz meu querido amigo Antoninho Tatto.  Por isso, veja algumas orientações indispensáveis para quem trabalha com a pastoral do dízimo:


 - A participação dos fiéis deve ser baseada em sua conversão e não na obrigatoriedade;

 - Deve nascer da gratuidade do coração e não da culpa do bolso;

 - Devemos evangelizar sob os caminhos da teologia do amor e não da dor; 

 - Não se trata de esmola, mas do reconhecimento do Senhorio de Deus em nossas vidas e do conhecimento de que somos chamados à partilha, às obras de misericórdia. 


Não sou contra a participação com a décima parte do que produzimos, muito pelo contrário, reconheço o valor como justo e possível a todos. Ninguém reclama, por exemplo, em ter que deixar os 10% do garçom nos restaurantes, no pagamento de serviços em hotéis e assim por diante. Não seria, porventura, mais importante em nossas vidas, a família cristã e a nossa vida sacramental do que qualquer uma dessas prestações de serviço? Entretanto, não podemos tornar esse valor referência obrigatória tendo por justificativa apenas o termo Dízimo. Se assim o fizermos esvaziaremos o verdadeiro sentido da partilha.


Aristides Luis Madureira é Diretor da Editora A Partilha, Graduado em Comunicação e em Tecnologia em Processos Gerenciais, Missionário Leigo há mais de 20 anos implantando a Pastoral do Dízimo no Brasil. Autor de várias obras, entre elas; “Pastoral da Partilha e Manutenção”, “Partilhando a Vida em Família”, publicados pela Editora A Partilha.

Contato: aristides@editoraapartilha.com.br

Site: www.editoraapartilha.com.br

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