Por Douglas dos Santos Reis Rocha.
A pessoa de Jesus Cristo e suas atitudes sempre nos orientam, desde nossas ações como pessoa até na forma de administrar nossas relações profissionais e pessoais. Em Cristo encontramos o missionário, o vocacionado do Pai, o modelo de sacerdote, mas também encontramos o modelo de líder, de administrador, de um gestor. Suas falas e ações entre as pessoas, entre seu grupo de discípulos, nas pequenas e primeiras comunidades, nos inspiram e nos apontam caminhos para traçarmos metas em nossas atitudes no cotidiano.
Quando nos adentramos ao modo de gerir pessoas e funcionários, seja em uma empresa ou, como nós, em uma instituição religiosa (congregação, obra social, paróquias, mitras e cúrias, escolas, entre outras), nos deparamos com muitos desafios e um deles é como criar laços verdadeiros entre os funcionários e a instituição, pois ele faz parte da “obra”, e como tal deve compreender a missão, e seu papel no local em que trabalha.
Desde o convívio entre os funcionários até a relação entre os administradores de nossas instituições religiosas, tudo deve ser espelhado e observado pelo olhar e perspectiva de Cristo, o mestre e servo.
Uma das ferramentas utilizadas na gestão de pessoas, e que deve ser vista e tratada com estima, é o endomarketing (marketing institucional interno; conjunto de estratégias e ações de marketing institucional voltadas para o público interno: empregados, revendedores, acionistas etc.). Que nada mais é do que um conjunto de ações que façam o funcionário perceber a beleza do ambiente em que se encontra, gerando um verdadeiro engajamento. É o que chamamos de “vestir a camisa”.
O endomarketing não é uma simples comunicação interna, de comunicados, panfletos e recados em murais, mas se trata de um verdadeiro envolvimento com a missão da empresa, da instituição. Todos são peças do mesmo jogo, do qual o intuito é sempre manter o grupo firme, unido e em pé.
Unir o endomarketing a gestão de pessoas é traçar um caminho pelo qual o funcionário poderá perceber com transparência a instituição em que se encontra e faz parte.
Jesus, como mestre que sabemos, em sua pequena “instituição”, se podemos assim chamar o primeiro grupo dos 12, tinha em suas mãos diversas personalidades, porque eram pessoas de diferentes ocupações, de diferentes percepções e educação. Cada qual vindo da sua vivência individual e particular, tendo suas experiências subjetivas e somando forças para edificar um propósito maior: o Reino de Deus. Cristo, observando todos os conflitos nessa gestão em seu RH, apresenta sempre um discurso de endomarketing para os seus.
Podemos observar no Evangelho de João que Jesus apresenta a missão e o objetivo da “instituição” da qual Ele está à frente: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo” (Jo 15,12).
A instituição precisa fazer, com clareza, que o colaborador compreenda a missão principal de onde trabalha, e que abrace com o coração.
Os colabores precisam entender que são ferramentas essenciais para a instituição e devem possuir com a empresa um vínculo de carinho, não simplesmente por relações trabalhistas.
Cristo mostra aos seus que não são simplesmente discípulos, mas são os mais importantes para a construção do Reino: "Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai” (Jo 15, 15).
O Líder da empresa é o primeiro a dar o exemplo e, com isso, motivar os colaborardes a serem fiéis a missão proposta pela instituição, assim como o exemplo de Cristo na última ceia, fazendo-se servo ao invés de Senhor: "levantou-se da mesa, depôs as suas vestes e, pegando duma toalha, cingiu-se com ela. Em seguida, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido" (Jo 13, 4-5).
Sabemos que toda instituição possui uma hierarquia, mas a gestão deve sempre mostrar a todos os colaboradores que estão juntos para cumprir a missão e executar bem as tarefas. "Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós” (Jo 13, 15).
O trabalho em equipe é essencial para que todos compreendam que não existe um "eu", sozinho, mas sim um "nós", juntos! Jesus, mesmo dentre muitos que o seguiam, chamou 12 (cf. Lc 6, 12-19), e a eles confiava tarefas, mas sempre em conjunto, em duplas, em grupos: “Jesus chamou os doze e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros” (Mc 6,7).
Cristo tinha sempre uma estratégia para envolver e fazer com que os seus “colaboradores” compreendessem o que estava comunicando, envolvendo-os com atividades no seu cotidiano através de suas famosas parábolas. Assim deve ser o endomarketing em nossas instituições, através de atividades cotidianas que levem os colaboradores não só a compreenderem o seu papel, mas, com alegria, leveza e distração, se enamorarem do que fazem e onde atuam.
Podemos ter grandes estratégias para agir no mercado externo (dízimo, campanhas, eventos). Entretanto, de grande importância são as estratégias de engajamento interno, como nos apresenta um especialista em marketing: “Não é possível fazer um bom marketing externo sem envolver também, na mesma ação, os funcionários.” – J.P Flipo, European Journal of Marketing, vol. 20 n.° 8, pp. 5.
Algumas sugestões de ações para se trabalhar o endomarketing:
- Ser transparente em ações e resultados (prestação de contas);
- Momentos de lazer e descontração;
- Valorização de ganhos, conquistas, vitórias (equipe e também individual);
- Lugares aconchegantes para descanso;
- Celebração e datas importantes para a empresa;
- Formação (cursos e palestra);
- Atividades em equipe;
- Bate papo entre gestores e colaboradores (com feedback).
Essas atitudes, entre muitas outras, podem ajudar a construir um ambiente na instituição onde os colaboradores se sintam mais valorizados e, por isso, se engajem com mais ânimo, mostrando seu comprometimento. O importante que devemos ter em mente é a criatividade: sejamos ousados e criativos para gerarmos e garantirmos esse envolvimento efetivo.
Que Jesus, o Mestre da Gestão de Pessoas, nos aponte sempre os melhores caminhos em nossas atividades. Assim, que cada gestor e colaborador de nossas instituições compreenda que a essência de tudo é o Pai, e que Ele seja glorificado em nossos trabalhos.
Fontes:
BÍBLIA SAGRADA. Bíblia de Jerusalém. (Ed. Revista). São Paulo: Paulus, 2002.
KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
J.P Flipo, European Journal of Marketing, vol. 20 n.° 8, pp. 5.
Douglas Reis é formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Anhanguera de Taubaté, em Filosofia pela Universidade Salesiana de Lorena e pós-graduado em Marketing e Negócios pela UNIFATEA. Catequista e leigo engajado em pastorais na Arquidiocese de Aparecida. Atualmente exerce função administrativa no Departamento Pessoal da Arquidiocese de Aparecida.