Nas
organizações em geral os líderes têm condições de fazer a diferença,
dependendo, é claro, da forma com que conduzem suas atividades e como
interpretam o poder de ser líder.
1. Valorizarei os participantes de minha equipe de trabalho como pessoas, com suas potencialidades e fraquezas
O líder cristão precisa olhar ao outro com constante misericórdia. Entender que a mesma pessoa que erra é a mesma que pode fazer grandes coisas pela Igreja e pela missão em que está inserida. Para isso, precisa ser compreendida, corrigida de forma amorosa e incentivada em todo o tempo. São poderosos incentivadores ao cristão leigo um agradecimento sincero, uma oração, ou mesmo uma benção quando um padre estiver no comando dos trabalhos. Podemos assegurar que o mais poderoso motivador para quem trabalha na Igreja é o reconhecimento, e o menos motivador, o julgamento.
2. Tratarei a todos com dignidade, justiça, compreensão e
respeitoEste mandamento da HumaRes® completa o anterior. Por vezes o líder, tomado pelo pensamento de que todos “têm a obrigação de ajudar e trabalhar no projeto pastoral sem reclamar”, acaba por exagerar em suas cobranças de compromisso e, ao invés de motivar, ofende os que estão dispostos a ajudar. É preciso partir do princípio básico de que as pessoas querem ajudar, mas não sabem como e nem estão preparadas para isso, por isso, o respeito à condição do outro é básico no trabalho pastoral. Não se trata de manter o outro na ignorância, mas sim acolher, ensinar, apoiar e aplaudir as suas pequenas vitórias. Tal atitude motivará a outros cristãos, desejosos em trabalhar nas pastorais e movimentos, a ingressarem com ardor e confiança na missão evangelizadora da Igreja.
3. Serei um líder que vale a pena ser seguidoExistem várias formas de ser um líder admirado pelos seus liderados, e isso dependerá do contexto que envolve o líder e seus liderados e, principalmente, pelos valores que os movem. No nosso caso, são os valores cristãos, portanto, sabemos bem que os dois principais pilares que devem nortear os nossos comportamentos dentro e fora da Igreja são: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a nós mesmos. Assim, a nossa presença na Igreja e o genuíno
compromisso com sua missão, evidenciará ao outro que estamos nos esforçando
para realizar o nosso primeiro grande desafio: amar a Deus sobre todas as
coisas. É lógico que “mostrar trabalho” é algo limitado, mesmo porque o Senhor
Deus perscruta o nosso íntimo e sabe mais do que nós mesmos se estamos amando-o
de verdade ou se estamos sendo hipócritas.
No entanto, quando se
trata de liderança, não basta ao líder ser cristão, ele tem de “parecer
cristão”, mesmo porque o exemplo é muito poderoso. Estando ciente disso, aquele
que deseja ser líder de fato deve demonstrar seu compromisso com o Senhor em
todo tempo. Quanto ao segundo desafio no seguimento de Cristo: “amar ao próximo
como a ti mesmo”, me atenho ao exemplo de Santa Teresa de Calcutá, que deu
grande exemplo ao mundo de como amar ao próximo, sendo que seu exemplo motivou
milhares de pessoas do mundo a agir. Algumas jovens se tornaram irmãs de
caridade e ingressaram na missão por causa do exemplo de Madre Teresa, outras,
doaram bens e dinheiro ao projeto liderado por esta santa porque se
sensibilizaram com ela e com a forma grandiosa que expressou o amor ao próximo.
Mas, não é somente cuidando dos necessitados que expressamos o amor ao próximo,
é acolhendo com um sorriso um irmão de comunidade, é não julgando o seu pecado
enquanto busca o perdão de Deus por meio de nós, é acolher aquele que quer
ajudar e não sabe por onde começar.
Portanto, é justo que
um líder cristão verdadeiro e ciente de sua missão desperte as pessoas a
segui-lo, pois, na verdade, ele estará levando todos ao encontro do líder dos
líderes, o Senhor Jesus Cristo.
4. Reconhecerei o bom trabalho individual com alegria, sem diminuir o ânimo de quem não atingiu as metas e objetivo
Por falta de
conhecimento das técnicas de liderança, podemos cair no erro de ficar
enaltecendo um ou outro de nossa equipe por ter ajudado em alguma missão,
esquecendo-se da contribuição dos demais. Alguns líderes, tanto no mundo das
organizações como fora delas, não apenas homenageiam de forma exagerada os que
geram resultados maiores que outros, como chegam a humilhar, ignorar ou mesmo
fazer comentários irônicos direcionados àqueles que, em tese, tenham tido
resultados inferiores aos demais.
Ora, na Igreja
qualquer contribuição é bem-vinda. A missão é grande demais para desprezar o
pouco. Se o cristão faz pouco porque ainda não entendeu sua missão ou não pode
realizar mais: amém. Os que fazem pouco devem ser acolhidos e encorajados a continuar na missão, pois o pouco deles é
muito para a Igreja que sofre. Além do que, aquele que faz pouco hoje pode
fazer mais amanhã e, aquele que faz muito, certamente o faz porque pode fazê-lo
e deve estar em paz com sua consciência. Aquele que fez mais que os outros para
se destacar estará totalmente equivocado, mas sua produtividade, doação, ou
seja o que for, será sempre bem-vindo, pois a Igreja precisa. E se faz muito
porque pode, gosta e acredita que esta é sua missão: amém! Ao final, sabemos
bem, é Deus quem sabe tudo, e é o melhor e mais perfeito juiz que existe no
universo.
5. Afastarei da equipe e punirei os que quiserem prejudicar de forma deliberada, intencional e maliciosa os integrantes da equipe ou os resultados que se buscam conjuntamente
Por mais amor que tenhamos
ao próximo, não podemos deixar que os que infiltram em nosso meio para,
deliberadamente, prejudicar a nossa missão, o façam sem nenhuma restrição,
mesmo porque, podem estar servindo ao inimigo. É óbvio que a Igreja tem a sua
pedagogia para lidar com isso, cuja pedagogia funciona muito bem. Primeiro a
correção amorosa, depois a correção mais firme e, somente depois de vencidas as
etapas dos aconselhamentos e correções é que chega a hora da dura exclusão do
grupo daquele que se nega a ofertar o mínimo de respeito às pessoas ou as
coisas de Deus.
Portanto, sendo
preciso, devemos sim afastar com firmeza e decisão do grupo àquele que parece
mais um servidor do inimigo de Deus do que do próprio Deus. Não sejamos tolos
quanto a isso, conhecemos bem o quanto o inimigo é astuto. Portanto, é
obrigação do líder cristão observar se há alguém nessa situação e agir dentro
destas três etapas: aconselhar, corrigir e, por último, afastar aquele que tem
como objetivo único prejudicar o trabalho feito com tanto carinho por todos.
6. Serei construtor de uma equipe vencedora e unida, capaz de enfrentar e vencer grandes desafios
A união da equipe é fruto de um processo, que pode demorar certo tempo para se estabelecer, é permeada tanto por ações pontuais e individuais como ações em grupo. De forma geral, a construção de um forte espírito de equipe envolve um pouco do que está sendo tratado neste breve artigo, mas, para facilitar, podemos indicar as seguintes ações:
Conhecer cada integrante da equipe e descobrir no que ele pode ajudar com mais facilidade;
Valorizar a cada um pelas suas vitórias, mesmo que pequenas;
Ser solidário com aquele que passar por algum constrangimento ou derrota enquanto tentava ajudar a equipe;
Em reuniões, e estando em grupo, evite dar valor excessivo a um e a outro e preze pelo entendimento entre as pessoas e valorize o trabalho em equipe;
Esteja sempre presente, dê ideias, aja junto com todos, dê exemplo, mas tome as decisões que cabem a você com justiça e ponderação;
Inclusive, compartilhe com todos ou com alguns em particular, suas dificuldades para tomar algumas decisões e peça ajuda para decidir com equilíbrio;
Mantenha a todos informados sobre tudo quem impacta a equipe. Alinhe as informações e ações constantemente.
7. Manterei todos focados nos resultados propostos, pois sem resultados não haverá equipe, e sem equipe, não haverá líder
A esmagadora maioria
das organizações humanas possuem seus objetivos. Nada impede de que as
comunidades cristãs elaborem seus grandes objetivos e divida seus planos em
forma de metas com ações e prazos específicos para execução. Apenas para
exemplificar, imaginemos que um padre que acaba de assumir uma paróquia, queira
melhorar o nível de doações à Igreja para ter segurança nos pagamentos das contas
recorrentes da paróquia, bem como, realizar melhorias na estrutura da Igreja
local, melhorando as atividades de evangelização na comunidade.
A situação hipotética
que encontra é a seguinte: pequena paróquia com cerca de cinco mil habitantes;
participação de cerca de 350 pessoas nas missas nos finais de semana;
arrecadação mensal de cerca de quinze mil reais entre dízimo, coleta e doações
espontâneas. Objetivos: ampliar o
número de participantes nas missas e ampliar as doações mensais para R$
30.000,00. Considerando a hipótese de que 50% dos moradores sejam evangélicos
ou participem de outras denominações religiosas, ainda assim, haveria um público
de pelo menos 2.500 pessoas a ser trabalhado.
Meta 1:
ampliar para 700 o número de participantes nas missas do fim de semana após
seis meses de trabalho. Ações:
realizar visitas de evangelizadores às casas dos moradores; realizar missas nas
residências semanalmente; respeitando fielmente a Doutrina da Igreja e os
ritos, realizar missas festivas e acolhedoras, inclusive, com implantação da
Pastoral da Acolhida; aderir à benção de pães e feitura de bolo em homenagem ao
santo de devoção; inclusão de momentos de Adoração ao Santíssimo; realização de
eventos carismáticos em sintonia com as orientações do Bispo, entre outras
ações.
Meta 2:
Arrecadar R$ 30.000,00 mensais para manutenção da paróquia e ampliação da
estrutura. Ações: realizar campanha
de ampliação do número de dizimistas destacando o assunto em uma missa por mês;
preparar folder de conscientização sobre a importância do dízimo para a Igreja
e distribuir em todas as casas das famílias católicas; investir na
transparência do processo, envolvendo pessoas da comunidade no conselho
pastoral para que estejam a par das arrecadações e do correto uso dos valores
arrecadados, entre outras ações.
A atuação do padre,
aqui como o líder principal do projeto, será de suma importância para que todas
as atividades ocorram dentro dos princípios cristãos e moldados pela fé
católica apostólica romana. É claro que estas são apenas ideias, mas o certo,
contudo, é que grandes objetivos podem ser atingidos em nossas paróquias desde
que haja um correto planejamento, implantação e execução das metas que gerem,
ao final, maior evangelização do povo de Deus levando todos a Cristo, motivo
único da existência da Igreja na terra.
8. Meu planejamento, organização, qualidade e resultados serão visíveis a todos, pois serei um exemplo a ser seguido
Toda a Metodologia
HumaRes® - Liderança Humana e de Resultados foi construída dentro de
conceitos científicos e práticos e, por isso, cada ação está intimamente ligada
a outra. Este mandamento não é diferente, pois reforça os anteriores. Sendo
assim, preparar um bom e coerente planejamento e realizar as atividades com
organização, seguramente gerarão ótimos resultados para as organizações
cristãs. É importante citar que há várias definições para qualidade. Gosto
muito de pensar a qualidade como sendo “o melhor possível”, assim, deixamos de
buscar o impossível e focamos naquilo que podemos fazer de melhor, considerando
as condições favoráveis e as imperfeições que nos rodeiam.
Um exemplo
interessante seria o de montar um andor para carregar a imagem de Nossa Senhora
numa procissão. Podemos nos apoiar em nossa limitação financeira e não colocar
flor alguma no andor ou, então, podemos ser ousados e bater de porta em porta
em busca de flores a serem doadas pelos moradores locais e enfeitarmos, com
muito capricho, o andor com essas flores. Isso é qualidade. É certo que, se o
líder não motivar a todos a se moverem rumo ao planejamento, organização e
qualidade, tal condição favorável não irá acontecer.
9. Minha equipe trabalhará forte, vencerá e comemorará resultados como um time!
Tal como citado no
“mandamento 6”, o líder de uma
pastoral ou de uma comunidade, precisa envidar esforços para fortalecer os
laços entre os integrantes da equipe, e são muitos os detalhes para que isso
aconteça. As bases que facilitam o surgimento de uma equipe de sucesso, seja em
que situação for, são: conscientização do papel de cada um e de todos
conjuntamente no projeto em que estão envolvidos, respeito, incentivo à
participação, diálogo constante, informações claras e abertas, alinhamento de
objetivos, correções individuais com amor e firmeza, valorização do pouco feito
por cada um como se fosse muito, aproveitamento dos dons de cada um,
valorização da equipe em nível superior à valorização individual e comemoração
dos bons resultados de forma alegre e festiva, entre outras ações que poderão
ajudar no fortalecimento do espírito de equipe.
10. Minha equipe trabalhará forte, enfrentará desafios e derrotas como um time!
O mesmo respeito,
reconhecimento e alegria que se fazem presentes nas vitórias, precisam ser
convertidos em ânimo e compreensão quando as derrotas acontecerem. O líder deve
se posicionar diante de todos assumindo suas responsabilidades, mas,
principalmente, mostrando a todos que nem sempre acertamos, mesmo quando as
ações e os propósitos são positivos. Deve animar a todos a se manterem em pé e
prontos para iniciar um novo projeto, usando as derrotas como fontes
importantes de aprendizado. O importante é respeitar o trabalho de cada um,
agradecer a todos e manter a equipe unida para novos desafios, sempre com
espírito alegre e disposto.
É certo que Jesus
Cristo espera dos líderes espalhados no mundo inteiro, e que Nele professam a
fé, que façam, acima de tudo, o bem. E jamais, nunca mesmo, façam o mal aos que
estejam sob sua orientação, pois isso é totalmente contrário à essência de ser
cristão. Nesse sentido, fica claro que todo líder cristão, seja ele leigo ou
consagrado, deve exercer sua liderança com entusiasmo, fé, justiça e
misericórdia para com todos, pois Jesus Cristo, o nosso maior líder, assim o
foi, o é, e sempre será; sendo incoerente, portanto, agirmos de forma
diferente.
Encerro este breve artigo com a frase de Carl Gustav Jung, criador da Psicologia Analítica, que não fez parte da Igreja, mas deixou um pensamento que reflete bem como um cristão deve agir em qualquer ambiente: “conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.