Este ano celebraremos com louvor, no dia 29 de julho, a memória litúrgica dos irmãos: Lázaro, Maria e Marta. O Papa Francisco, em fevereiro deste ano, promulgou um decreto para que celebremos juntos os três irmãos, os quais acolheram Jesus em sua casa e a Ele serviram com amor, amizade, seguindo e acreditando que Ele é a ressurreição e a vida.
Pois, assim como no texto da promulgação nos apresenta, ”Marta ofereceu-Lhe generosamente hospitalidade, Maria ouviu atentamente as suas palavras e Lázaro saiu de imediato do sepulcro a convite d’Aquele que aniquilou a morte”, descreve o texto.
A Casa de Bethânia, é o local onde estão os amigos de Jesus. É para lá que Jesus ia para se alegrar, para encontrar repouso, descanso e com certeza momentos de partilha sincera e feliz.
Como nos diz o decreto, "na casa de Betânia o Senhor Jesus experimentou o espírito de família e a amizade de Marta, de Maria e de Lázaro. Por isso, o Evangelho de São João afirma que Ele os amava"
Bethânia, do hebraico (Beit-te'enah) בֵּית-תְּאֵנָה, significa “Casa do pobre”, casa onde habita a simplicidade e a pobreza, o lugar onde se encontram os despojados dos tesouros, mas os ricos em fé. É a pequenez da casa de Bethânia que hoje deve ser enaltecida e vivida com fervor pelas nossas comunidades e paróquias.
Depois de Cristo, a Casa dos irmãos em Bethânia se torna não só a casa dos pobres, mas sim a escola da fé. De Bethânia para toda a Igreja Católica e o mundo emanam as grandes lições da pregação de Jesus, de sua missão e da fé que hoje professamos.
A casa dos irmãos onde Jesus se sentia bem, é para nós uma verdadeira escola, o lugar das lições de fé que precisam ser pilares para nossas comunidades, pastorais, paróquias e vida de batizados e crentes.
Hoje somos nós, convidados, a entrar nessa escola, nessa casa do encontro para sentirmos o verdadeiro amor entre os amigos de Jesus.
Nessa escola da fé encontramos um homem que era amigo de Jesus e o ouvia com muita atenção, acreditando verdadeiramente em seus ensinamentos. Lázaro é o modelo d’aquele que ouve, atencioso, a voz do Mestre e escolhe a Vida para si.
A primeira aula da nossa escola de fé se encontra no Evangelho de João, no capítulo onze: vamos ver a passagem em que Jesus chora ao ver que seu amigo está morto. É com voz firme que Jesus o chama para fora do túmulo. Lázaro é atento e obediente ao chamado de Jesus, e escolhe, pois, a vida. Com o amigo de Jesus, nossas comunidades e fiéis precisam aprender a escuta atenta ao seu chamado e ser uma verdadeira Igreja em Saída. É ouvindo a voz de Cristo que deixamos a morte para trás e buscamos a Vida, a vida nova que vem de Deus.
A próxima aula é com a irmã de Lázaro, Marta. No capítulo dez do livro do evangelista Lucas, nós observamos o trabalho incansável dessa mulher para que a casa estivesse sempre impecável para acolher o Cristo. Marta é o modelo de pessoa empenhada em trabalhar e fazer o melhor para que a obra aconteça, é sobre suas atitudes que encontramos o modelo da diaconia: servir com empenho.
Cabe a nós, olhando para seu exemplo, compreendermos que o serviço deve ser feio com zelo e empenho, pois somos instrumentos em uma obra, entretanto, sempre atentos a ouvir e olhar para Jesus, para não nos perdermos em nossos “achismos”, em nossas rotinas e processos.
O trabalho em uma comunidade de fé deve brotar do serviço gratuito e da vontade livre da ajuda, não de um ego exibicionista, ou de uma rotina pesada de atividades para fazer tudo. Existe em nossas comunidades lugar e trabalho para que todos possam colaborar com a construção e o serviço aos que precisam.
Por último, porém não menos importante que os outros dois irmãos, encontramos Maria. É dessa mulher simples que tiramos grandes lições nessa escola de fé. Sua atenção ao ouvir Jesus e seu despojamento são fundamentais para uma vida pastoral e eclesial fecunda.
Maria, citada no capítulo dez do livro do evangelista Lucas, nos dá o exemplo do verdadeiro discípulo-missionário: aquele que se senta aos pés de Jesus para ouvir seus ensinamentos, para um verdadeiro encontro com Ele.
Maria nos ensina a nos derramarmos aos pés de Jesus e confiar a Ele nossas alegrias e tristezas. Ela é aquela que, ungindo Jesus com óleo, lava seus pés com lágrimas e seca com os próprios cabelos, como nos diz o evangelista João. Esse ato de amor deve se repetir constantemente, pois é uma ação de oblação que deve ser vivida por todos aqueles que mais precisam de ajuda.
Maria ensina a se rebaixar e se derramar pelos que menos tem, pelos que mais precisam, não tendo vergonha ou qualquer amarra e preconceito, simplesmente amando.
Eis o centro dessa casa de amigos, dessa escola de fé, o AMOR. É dele que emana a coragem, a obediência e a disponibilidade de VIVER por Jesus, como um verdadeiro amigo vive, dando-se por ele e pelos seus.
Nosso caminhar como discípulo deve passar por Bethânia e de lá aprender que o cheiro da morte (comodismo) que muitas vezes toma conta de nossa vida, de nossa pastoral e comunidade, deve-se se tornar um perfume de Amor e disposição pelo Reino e pelos pobres.
É na escola da fé em Bethânia que nossa vocação deve se fundar, gerando em nós um coração limpo, disponível, atento e que exale o verdadeiro aroma da vida que é JESUS.